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Só vejo uma estrela no céu. Ela não parece sozinha, brilha tanto que me faz não querer parar de olhá-la. E no silencio, ouço grilos, piados, latidos distantes.
Estou feliz, mesmo sabendo que amanhã volto à salvador. Já sinto saudades daqui... Sei que é esta saudade que me faz caminhar firme, pisar leve.
Da janela vejo uma árvore robusta balançar levemente os seus galhos ao vento. Parece saudar a noite fria, parece saber... Quantos invernos já viveu? Arraigada, presa a este universo único, vendo o tempo se esvair com o vento. Não sabe ela que nesse mistério de encontros e perdas, somos andarilhos. Quem para se perde no tempo... Esquece o caminho.
Ouço um riso, não sei de onde vem. Riu também e não sei por quê. Volto à janela, olho a estrada. Hoje ela parece estar tão perto (sempre a achei distante). Sobra-me uma vontade grande de caminhar. Esperarei amanhecer. Falta pouco.