sexta-feira, 17 de setembro de 2010

boasimagens

Quando a tarde começava a se despedir, minha prima e eu subíamos no pé de seriguela para tentar marcar a hora exata que escurecia. Fazíamos isso sempre. A concentração era total, nossos olhos ficavam vidrados no céu. Aos poucos, íamos sendo enganadas pelo degradê. As cores iam se sobrepondo vagarosamente e a escuridão surgia de forma mágica.
As estrelas, a principio, surgiam tímidas e raras. Logo muitas outras surgiam de vez. Nós esperávamos, ficávamos ali penduradas na árvore olhando o céu silenciosamente. E isso era o bastante.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

nadamais

Às vezes eu olho pela janela e me surpreendo com o que vejo. É tudo igual, nada muda, mas parece sempre tão diferente... Fico quieta, presto atenção no barulho. Há alguém martelando alguma coisa, o rapaz do lixo empurrando o seu carrinho, os pneus dos automóveis ressoando no asfalto, o elevador subindo e descendo, os pássaros cantando em coro. Posso ouvir cantos vários, várias vozes misturadas na esperança de serem ouvidas.
Fecho os olhos, respiro, ouço. Estou em um quintal à sombra de um pé de maracujá enramado. Há uma mesinha, um bolo de barro, uma menina a servir chá a um senhor sorridente. Ela me vê, sorri, me abraça, some. O tempo evapora. Assusto-me com o freio brusco de um carro na rua.