sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Sopro de Vida




(Aguida de Souza Cedraz Carneiro)
·         15/08/1930
·         25/09/2016

A vida é um sopro,
Um fio que define o caminhar,
Uma dádiva que o Criador propicia
E aponta um destino a  trilhar.

É uma semente que brota
E aflora com o tempo.
Cresce e então se espalha
Contra ou a favor do vento.

Desabrocha em flor tão rara,
Tão guerreira, mas fugaz
Amadurece altaneira
Em tempos de guerra e paz.

Bela, porém transitória
Ela envelhece assim:
A chama outrora tão viva
Diminui e encontra o fim.

(Graça Carneiro)
27/09/2016

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O portal secreto das fotos


*

A beleza da fotografia, muitas vezes, não está ligada a imagem em si, mas ao sentimento que ela armazena e traz à tona todas as vezes que o fotógrafo ou o fotografado a observa.
Assim acontece com a fotografia que olho nesse instante. O inicio do entardecer do canto de uma espécie de caverna.
Minha mãe não entendeu quando viu a foto revelada – pra que você revelou essa foto, Fernanda? Nem dá pra ver nada... você tá de costas. – E entendeu ainda menos quando eu coloquei a tal fotografia em meu mural – tanta foto mais bonita e essa menina tonta bota justamente essa que não dá pra ver nada – Mas o que minha mãe não sabe é que essa foto guarda uma poesia secreta, um sentimento único que foi apreendido pelo fotógrafo nas cores do início do crepúsculo.
Um conforto toma o meu peito todas as vezes que meus olhos captam a referida imagem. Deve ser um portal do tempo, um túnel luminoso e fantástico que existe em alguns retratos, que guardam o momento fotografado de maneira cristalina nos pixels.
O momento da foto não precisa ser de felicidade e, por essa razão, não consigo desvendar o mistério dessas fotografias. Nesta em especial eu recordo de um cansaço, uma pausa contemplativa que revigorou meu espirito para retomar a caminhada que fazia.
Há uma fotografia mais antiga que me faz ter certeza que o sentimento não precisa ser felicidade para a magia-secreta-das-fotografias acontecer: eu criança, debruçada na cama escrevendo poesia (sim, poesia). Minha cara na foto é de assustada e lembro ter brigado com o fotógrafo por ter interrompido meu momento de devaneio.
Não consigo achar uma explicação para o mistério existente nessas duas fotografias, mas sei que adoro as sensações que elas me trazem. Fora isso, gosto de olhar fotos em geral. Até as feias e mal tiradas guardam uma pontinha de sentimento... quem nunca riu de fotografias antigas onde o fotógrafo mira mais a lente no chão que nas pessoas?