sexta-feira, 17 de setembro de 2010

boasimagens

Quando a tarde começava a se despedir, minha prima e eu subíamos no pé de seriguela para tentar marcar a hora exata que escurecia. Fazíamos isso sempre. A concentração era total, nossos olhos ficavam vidrados no céu. Aos poucos, íamos sendo enganadas pelo degradê. As cores iam se sobrepondo vagarosamente e a escuridão surgia de forma mágica.
As estrelas, a principio, surgiam tímidas e raras. Logo muitas outras surgiam de vez. Nós esperávamos, ficávamos ali penduradas na árvore olhando o céu silenciosamente. E isso era o bastante.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

nadamais

Às vezes eu olho pela janela e me surpreendo com o que vejo. É tudo igual, nada muda, mas parece sempre tão diferente... Fico quieta, presto atenção no barulho. Há alguém martelando alguma coisa, o rapaz do lixo empurrando o seu carrinho, os pneus dos automóveis ressoando no asfalto, o elevador subindo e descendo, os pássaros cantando em coro. Posso ouvir cantos vários, várias vozes misturadas na esperança de serem ouvidas.
Fecho os olhos, respiro, ouço. Estou em um quintal à sombra de um pé de maracujá enramado. Há uma mesinha, um bolo de barro, uma menina a servir chá a um senhor sorridente. Ela me vê, sorri, me abraça, some. O tempo evapora. Assusto-me com o freio brusco de um carro na rua.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

sempontosempausasemcomeçoesemfim



Estou ao som da ventania sem chuva, mesclada à voz melódica da Sarah Mclachlan. Mesmo nesse clima “sonífero” o sono nem passa perto de mim... Isso tem acontecido com freqüência às segundas-feiras. Acho que as aulas de filosofia estão me fazendo perder o sono...
Quando voltava da faculdade hoje, vivi um momento bem nostálgico. Começou a chover e ventar. Desci do ônibus, tentei abrir o guarda-chuva e o vento deu conta de virar ele ao contrario. A ventania fez-me sentir a própria Mary Poppins. Atravessei a avenida sem nem olhar pros lados. Cheguei na rua de casa, me vi sozinha... “Que se Dane! Já me molhei toda mesmo.” Comecei a andar devagar, contemplando a chuva. O vento já havia dado um jeito no meu cabelo (a Betânia acharia fabuloso). Me senti criança na chuva... Comecei a cantarolar a música que passou o dia todo tocando em minha cabeça: “somos todos iguais, tão desiguais, uns mais iguais que os outros (8)...” Fui andando olhando pro céu, andando, andando. Ops! “Moça, você gosta de chuva hein? Cuidado, vai se molhar!” Se não fosse o susto que tomei vendo aquele cara parado em minha frente com um guarda-chuva gigante, teria tido um dos meus comuns acessos de riso. “não, não... pode deixar que eu não vou me molhar não.”
Estou tendo sensações nostálgicas muito estranhas esses dias... (e o teclado ta travando no a. tenho que tocá-lo delicadamente. –rs) Sábado encontrei duas grandes amigas minhas. Passamos a tarde assistindo filmes e rindo das estranhezas de cada uma. Me senti novamente na oitava série, rindo do permanente medo de fantasma de Keu e me deliciando com as guloseimas feitas por Mari.
Domingo peguei varias crônicas já lidas e reli, escutei várias músicas que há muito não ouvia. Pintei minhas unhas cor de café, o que causou estranheza da parte de minha prima. Mandei Salsicha não latir e não abanar o rabo pra mim enquanto brigava com ele. Comi chocolate, reli meu caderninho velho de anotações...
Estou com uma estranha sensação de ter voltado no tempo.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

-n

Dias de domingo são entediantes. Dias chuvosos de domingo, sem filmes para assistir, são mais entediantes ainda.
Noites de domingo são entediantes. Noites chuvosas de insônia num domingo são mais entediantes ainda.
Olhar entediada, num domingo entediante, para uma pagina de internet tediosa e não ter nada para escrever é realmente muito entediante.

terça-feira, 20 de julho de 2010

algumacoisa.

Férias, época de viajar para minha cidade natal e aproveitar o nada que se tem pra fazer para assistir filmes e hibernar. Tinha feito uma lista de filmes que queria assistir, fui serelepe à locadora procurar e não achei nenhum deles. Loquei alguns filmes aleatórios e quando cheguei em casa percebi que não poderia assisti-los a hora que quisesse, porque uma igreja bastante barulhenta havia se mudado para o prédio ao lado. Observei que na frente da igreja havia uma placa indicando os horários dos cultos: de domingo a domingo, manhã, tarde e noite. E agora? Que horas eu assisto aos meus filmes na “santa paz de Deus”? O jeito é fechar as janelas e as portas e aumentar o volume da televisão...
O irritante é que bem perto da minha rua tem uma igreja diferente e tem outra igreja perto dela, e tem mais outra, e outra... E ficam disputando, não por quem prega os melhores valores, mas por quem tem o maior público e a maior caixa de som.
Por essa e por outras é que eu prefiro ser agnóstica. Não vou a templos, não frequento missas/ cultos, não faço orações convencionais, mesmo minha mãe dizendo que é importante fazê-las.
Creio em um Deus silencioso, que não precisa de orações barulhentas para existir.

“Não tenho religião porque não concordo com as coisas que elas dizem de Deus. Deus é um Grande Mistério. Está além das palavras. Diante do Grande Mistério a gente emudece. Fica em silêncio.” Rubem Alves