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Tentava com todas as forças compreender a vida, mas os
quilos e a idade eram poucos para tal façanha. Acomodava-se por cima do muro e
punha-se a sonhar com os morros distantes. Como a fascinavam aqueles morros...
Seria difícil chegar até eles? Onde será aquele lugar onde moravam os morros? Essas
eram perguntas frequentes em seus dias ensolarados. A chuva também tinha sua beleza, apesar de esconder
o horizonte irregular que a encantava. Na chuva a rua parecia um rio e ela, que
nunca vira um, propriamente dito, ficava da porta da frente observando. Raios e
relâmpagos explodiam no céu azul-marinho e a impressionavam. – “Fecha essa
porta, menina!” – ela não ouvia. O aguaceiro deixava a cidade no escuro e o silêncio
era mais vivo nestas épocas. Vela, chuva, olhos abertos. Observava as sombras
que a sua mão fazia com a luz da vela. – “Vai ter pesadelos desse jeito...” – tão
bonitas eram aquelas sombras! E o cheiro da chuva inundava o seu corpo e ela
sentia vontade de ficar a noite inteira acordada embalada pelo som dos pingos
que caiam e tilintavam nos baldes, folhas, e paralelepípedos.
.....lindo texto...ainda respingam as gotas da chuva em meus pensamentos......sem raios ou trovões............apenas a chuva....
ResponderExcluir.....só faltou o tomar banho de chuva.......ou de "bica"......
Sempre tinha o banho de bica! Rs
ExcluirQue texto doce, saudoso... Senti o cheiro da chuva. Beijos.
ResponderExcluirFernando Franco.