sábado, 30 de julho de 2011

mefazbem.


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É noite, estou no quarto do meu sobrinho em Coité.  A janela fica localizada exatamente em cima da cama. Não há cortina. Antes de deitar pensei que não iria conseguir dormir com a claridade vinda da rua. Pensei, ainda, que iria acordar com o sol na minha cara. Deitei e percebi que de fato não iria conseguir dormir...  Não me importei com isso, poderia ficar a noite toda acordada. A luz já não me incomoda diante da maravilhosa visão que tenho neste momento: O céu estrelado atravessa a janela e inunda meus olhos.
Meu olhar se perde nos pontinhos brilhantes fazendo-me sentir imensamente feliz. Navego através do profundo azul-marinho. Atravesso mares e montanhas. Estou em outra dimensão. Sinto-me leve. Lembro minha família e meus amigos e não me sinto sozinha...  As estrelas até parecem mais luminosas. Penso que essa viagem incerta sobre este mundo misterioso vale a pena quando sabemos quem somos e que temos companhia.
Lembro o riso inocente do pequeno Arthur, riu baixinho me encolhendo no cobertor. Olho o céu e lembro o Pequeno príncipe. Sussurro suas doces palavras e sinto um peso maior em minhas pálpebras... “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”  
Sonharei com pássaros e flores.

sábado, 16 de julho de 2011

SeuFlô.


“De facão na cintura,
E 'capanga' na mão
Homem de muita fartura
E tanto amor no coração
Fez valer sua cultura
Desbravando esse sertão...” 
(Graça Carneiro)
*
                                                               

Tomei vinho, comi chocolate e fui à Saraiva aprender um pouquinho sobre a vida com Antônio e o seu Xaxado.

Ouvir suas histórias fez-me lembrar meu avô. Velho feliz. Piadista da vida, apaixonado por cordel. Cresci ouvindo suas histórias de homens valentes, desbravadores do sertão e de mulheres apaixonadas que sacudiam suas saias floridas nos bailes por esse nordeste nosso. É tão bom tirar do baú estas lembranças sutis. Agora cá estou eu, sentada nesta cadeira, com meus dedos nervosos tentando externar esse sentimento que me domina e me deixa com cara de boba perdida no tempo.

Posso sentir o cheiro do quintal de meu vô, o cheiro da horta, da madeira molhada... Posso sentir em minhas mãos a textura das colheres de pau que ele, artesão da vida, fazia com tanto esmero. Posso ouvir até a sua velha piada do ladrão de maçãs...

Gosto dessa nostalgia... Desse sentimento velho e empoeirado que resgato vez por outra em situações comuns. Faz-me sentir leve, feliz, pequena e grandiosa.

Vou olhar a lua, remexer o baú a fundo e brincar com aquelas lembranças mais solitárias... de quando eu subia no telhado de casa, olhava o céu e contava estrelas, imaginando estar aqui um dia, sentada nesta cadeira, mais velha e mais cansada, caminhando pela estrada que escolhi, construindo o futuro que já existia em meus sonhos de menina. 



sexta-feira, 8 de julho de 2011

breve.





Me desfaço e me construo no tempo, e à medida que os anos passam, meus olhos mudam e meu mundo se transforma. As paredes que me cercam hoje não são as mesmas de ontem. Amanhã, certamente, suas cores me parecerão diferentes...