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É noite, estou no quarto do meu sobrinho em Coité. A janela fica localizada exatamente em cima da cama. Não há cortina. Antes de deitar pensei que não iria conseguir dormir com a claridade vinda da rua. Pensei, ainda, que iria acordar com o sol na minha cara. Deitei e percebi que de fato não iria conseguir dormir... Não me importei com isso, poderia ficar a noite toda acordada. A luz já não me incomoda diante da maravilhosa visão que tenho neste momento: O céu estrelado atravessa a janela e inunda meus olhos.
Meu olhar se perde nos pontinhos brilhantes fazendo-me sentir imensamente feliz. Navego através do profundo azul-marinho. Atravesso mares e montanhas. Estou em outra dimensão. Sinto-me leve. Lembro minha família e meus amigos e não me sinto sozinha... As estrelas até parecem mais luminosas. Penso que essa viagem incerta sobre este mundo misterioso vale a pena quando sabemos quem somos e que temos companhia.
Lembro o riso inocente do pequeno Arthur, riu baixinho me encolhendo no cobertor. Olho o céu e lembro o Pequeno príncipe. Sussurro suas doces palavras e sinto um peso maior em minhas pálpebras... “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
Sonharei com pássaros e flores.